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Lula: irrelevante lá fora, impopular aqui dentro

Enquanto o mundo passa por transformações geopolíticas profundas, o presidente Lula vê sua influência global diminuir e sua popularidade no Brasil despencar.

atualizado há

31 minutos atrás
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Ilustração Lehel Kovács reporodução - The Economist

No último dia 22 de junho, a resposta do governo brasileiro ao ataque dos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã, expôs o distanciamento do Brasil em relação às democracias ocidentais.

Em nota oficial, o Itamaraty condenou veementemente a ação americana, chamando-a de violação da soberania iraniana e do direito internacional. Um tom mais duro do que o adotado por outros países democráticos, que preferiram demonstrar cautela ou apoio contido.

O episódio antecipou o tom da próxima cúpula do BRICS, que acontecerá nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. O grupo, agora ampliado para 11 membros com a entrada do Irã em 2024, é presidido por Lula neste ciclo.

O que antes era uma vitrine de protagonismo internacional para o Brasil, hoje representa um dilema: quanto mais o BRICS se aproxima das agendas autoritárias da China e da Rússia, mais difícil se torna para o Brasil manter a imagem de um país equilibrado e neutro.

Segundo Matias Spektor, da Fundação Getúlio Vargas, o avanço geopolítico da China e a instrumentalização do BRICS por Moscou na guerra da Ucrânia, colocam o Brasil em uma posição desconfortável.

Ciente disso, a diplomacia brasileira tenta amenizar o cenário focando em pautas neutras como saúde, energia verde e comércio multilateral. Ao mesmo tempo, evita temas sensíveis como a desdolarização do comércio, tema que desagrada o presidente americano.

Política externa desastrosa

Desde que Trump assumiu novamente a presidência dos EUA em janeiro, Lula não fez nenhum gesto concreto para estabelecer pontes com Washington.

Os dois líderes sequer se encontraram, o que torna o Brasil a maior economia cujo presidente ainda não apertou a mão de Trump neste novo mandato.

Enquanto isso, Lula estreita laços com a China de Xi Jinping, tendo se reunido duas vezes com ele no último ano. Na tentativa de aproveitar as fissuras na confiança global nos Estados Unidos, busca abrir mercados à carne brasileira no Japão e às commodities no mercado chinês.

Porém, há sinais de que Lula tenta desempenhar um papel maior do que a atual posição internacional do Brasil permite. Em maio, foi o único líder de uma grande democracia a comparecer à celebração da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial em Moscou.

Aproveitou a visita para sugerir um papel de mediação do Brasil na guerra da Ucrânia, iniciativa que foi ignorada tanto por Putin quanto por outras lideranças globais.

Na América Latina, sua atuação também é criticada por falta de pragmatismo. Lula não conversa com o presidente da Argentina, Javier Milei, por diferenças ideológicas. Manteve apoio a Nicolás Maduro, da Venezuela, mesmo após novos episódios de fraude eleitoral.

Em contraste com o protagonismo do passado, quando liderou a missão da ONU no Haiti, o Brasil agora permanece calado diante da crise humanitária que se aprofunda no país caribenho.

Desgaste interno e queda de popularidade

Enquanto sua influência no cenário internacional esmorece, seja por suas declarações com tom antissemita ou seu alinhamento com ditaduras, Lula enfrenta também uma queda vertiginosa em sua popularidade no Brasil.

Com o fim do ciclo de prosperidade impulsionado pelo boom das commodities nos anos 2000, o país vive um novo contexto social e político.

O avanço das igrejas evangélicas, a expansão do trabalho informal e o fortalecimento da direita alteraram a base que sustentava o Partido dos Trabalhadores.

Hoje, apenas 28% dos brasileiros aprovam o governo Lula, e sua taxa de aprovação pessoal gira em torno de 40%, os piores índices desde o início de seus mandatos.

Taxação desenfreada e desilusão com o governo

Em busca de mais arrecadação, Lula não demonstra esforço em conter os gastos públicos nem adotar uma política de austeridade fiscal.

Sua base de eleitores é a principal prejudicada com o aumento dos impostos, sentindo o impacto direto das decisões econômicas do governo.

Isso contrasta com a memória afetiva de um passado de suposta prosperidade, ainda viva na mente de muitos desses eleitores.

No dia 25 de junho, o Congresso impôs uma derrota histórica a Lula ao derrubar um decreto que previa aumento de impostos. Esse tipo de revés não acontecia havia muito tempo, evidenciando o desgaste da relação entre o Planalto e o Legislativo.

Essa ação contrasta com as medidas de taxação adotadas pela equipe econômica do governo, liderada por Fernando Haddad desde o início do mandato.

Várias dessas medidas têm gerado forte reação do setor produtivo e da população, já pressionados pela alta carga tributária.

Sem sinais de recuperação econômica, Lula acumula falas polêmicas e aproximações com ditadores, desgastando sua imagem no cenário internacional.

Seu terceiro mandato tornou-se uma grande decepção para muitos que depositaram esperanças nas urnas em 2022.

Sobre o autor
Foto de José Lucas Rodrigues

José Lucas Rodrigues

Do sertão pernambucano, atualmente vivendo no Canadá, comanda sua própria agência de criação de sites sendo o desenvolvedor do Portal O Brasil de Cima.
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